Esquina, a relíquia carioca

Já viajei por quase todas as regiões desse Brasil, e sempre sentia uma vazio no peito. Sabe aquele sentimento de que falta algo que não se faz a mínima ideia do que seja? Era difícil de conter a emoção, mas depois de muito tempo consegui refletir e chegar ao consenso do que faltava, me faltava a velha e boa esquina.

Esquina? Como assim?

boteco da esquina

Créditos: Pedro Vidal

Calma caramba! Já explico qual é a importância de tal estrutura urbana com delicadezas imensuráveis. É bem simples, você pode ir até Salvador e ver as lindas paisagens, ver o Farol da Barra e até dar um pulo no Pelourinho. Pode desembolsar uma grana e ir passear no Pará pra conhecer a Ilha de Marajó. Pode ir a Brasília ver o Planalto central, ou até pode pegar o avião para ir a São Paulo para… Bem… Ir a São Paulo.

Entretanto o que falta em todos esses lugares? A velha e boa esquina!

A esquina é a marca da carioquice. É o eixo exato em que todos os Bebuns vagueiam cantando em voz única, na verdade é o local de encontro dos mesmos, quase um templo. É a parte simétrica que permite só um estabelecimento de respeito se firmar por tempo indeterminado, a esquina só permite um residente, o Boteco.

O velho e bom boteco possui residência nas partes mais complexas e desajustadas do Rio de Janeiro. É aquele lugar que é, como diz a minha mãe, um “cospe grosso”, um “pé sujo”, mas prioritariamente é um lugar que a família etílica tem espaço para falar de futebol, dor de cotovelo e tantas outras coisas que a bebida torna inteligíveis.

amigos bebendo na esquina

Créditos: Pedro Vidal

Não adianta me falar que esses lugares foram desgastados com o tempo, que são de baixa categoria, ou que a frequência é ruim. O objetivo nesse Taj Mahal carioca não é a beleza, mas sim é a cerveja, a conversa fiada, aquelas comidinhas bem gordurosas, e de vez em quando aquela dose de cachaça com um pedaço de dedo dentro.

Finalizando

Em suma, você pode andar pelos quatro cantos desse mundão, mas uma coisa te garanto, só no Rio de Janeiro terá a acolhedora esquina com um boteco lhe dando boas vindas, e lhe mostrando o lado bom da vida. Por isso, desce mais uma Dona Maria!