Eu Tenho Duas Namoradas: Capítulo 6

Quando digo as pessoas que tenho duas namoradas, elas não acreditam. Não as culpo, afinal de contas, eu sou esse cara gordo, feio e de mal hal(b)ito. Sei que criei um personagem desgostoso e inverossímil. Minha deselegância é marca registrada. Praticamente um novo Paulo César Pereio, mas sem a genialidade.

Ora, mas esse sou eu! E eu tenho duas namoradas, não você!

Um homem com duas namoradas

Digdin

Créditos: Ladislav Soukup

Ocorre que nem tudo numa vida à três é maravilhoso. Especialmente naquela época do mês. Sim, no fim do mês, quando a grana aperta. Devemos investir na nossa casa? Viajar? Sair para uma noitada chique ou restaurante? Economizar? Juntar para comprar um carro?

Esse tipo de discussão sempre nos leva a crise. Quando isso acontece, sou eu quem vai para o sofá. Sim, não espere diferente. Duas mulheres juntas fazem um homem duplamente errado.

Também tem aquela outra época do mês. Uma época feminina. Um anúncio de tranquilidade que avisa que não seremos pais. Um momento de seios maiores. Dias de barrigas inchadas. Fome por chocolate, sorvete e doces caros. Um outono por mês.

Vamos acabar com ele

Peitos com o jogo Angry Birds desenhado

OHWAIT!

Créditos: Exey Panteleev

É nessa época que elas querem o meu sangue. Como se isso fosse substituir algo que elas possam ter perdido.

Impressionantemente, Anna e Amanda conseguiram fazer com que seus períodos aconteçam juntos, na mesma semana. É sempre assim: a TPM de uma aciona a da outra.

PORRADA NELE!

É esse o momento em que o Rei Leão (eu), vira um cachorro vira-lata. Sem saber a motivo, mas sempre com uma suposta razão, eu apanho.

E apanho.

Dessa vez, foi Anna que veio começar com o estresse:

Mulher brigando com um homem

CALABOK!!!

Créditos: Elizabeth Rose Sharpe

  • – Você ronca muito. Eu não consigo descansar.
  • – Quando for assim, me cutuca, eu me ajeito na cama. – eu sei que eu perderei a luta, portanto, resolvi ser diplomático
  • – É verdade, Mozão – é assim que Amanda me chama -, você ronca muito. – já estão as duas contra o rapaz aqui
  • – Minhas lindas, me cutuquem que eu mudo de posição.
  • – Você não entende, Momô. – Anna usa outro apelido pra mim
  • – É. Você não entende o problema que nos causa – pronto, Amanda começa a ofensiva
  • – Momô, é cansativo! Você precisa resolver isso agora ou não dorme conosco.
  • – Eu marco um médico e vejo isso o mais rápido o possível, lindinhas.
  • – Mozão, a Anna disse “Agora”. “agora” é “agora”, não “o mais rápido possível”.
  • – Onde vocês querem chegar?
  • – Você vai dormir no sofá até se curar. – Anna deu a sentença
  • – Isso. Concordo. – Amanda acompanhou a relatora
  • – E se a cura demorar? E se não existir cura? E se isso for uma condição genética que eu adquiri por conta da radiação solar? E se isso for um sinal divino? A voz de um deus sendo dublada por mim? – tentei me defender de maneira racional
  • – Se fode aí. – Amanda é um amor
  • – Se continuar assim, você, como sendo o problema da relação… Bem… você que se foda e vá embora. Com alguém roncando assim, não dá pra nós morarmos juntos. – Anna é um amor

Ah, mas não ficará assim…

Lápis de cor em vingança contra o apontador

"A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena"

Créditos: Andrej Folo

Eu fui para o sofá, com um travesseiro e um lençol. Nos dias de calor, minhas costas colam no couro falso do móvel, nos dias de frio, minha coberta é fina demais para me esquentar.

Isso não pode ficar assim. O sofá é pra duas pessoas e eu preciso de um que sirva para três.

Se eu sou um cachorro, farei as coisas como um. Nem que eu tenha que cheirar a bunda das visitas.