Lulu, o machismo e o feminismo

Nas últimas semanas um aplicativo invadiu as redes sociais e os smartphones de 9 entre 10 mulheres. O nome do aplicativo? Lulu. O aplicativo tem como objetivo oferecer uma forma, anônima, das mulheres avaliarem seus parceiros, namorados, ex-namorados e por aí vai. Quem pode ver as avaliações? Apenas outras mulheres.

Lulu de Luluzinha

Lulu, mulheres loucas na balada

Sim, você logo pensou: Lulu de clube da Luluzinha… Isso mesmo! A tecnologia conseguiu levar aquelas conversas de bar, onde amigas se encontram para tomar um chope e falar como foram suas semanas (isso inclui homens), para dentro da telinha do celular. A idéia parece interessante, não é mesmo? Mas na opinião deste autor que vos escreve, não é.

O Lulu é um grito a favor do feminismo!

Será? Li alguns artigos onde o Lulu era defendido como um grito feminista: finalmente as mulheres teriam um canal de comunicação onde poderiam julgar os homens como eles as julgam.

Agora eles vão ver como é!

O aplicativo oferece a possibilidade de as mulheres avaliarem os homens através de uma pontuação e também através de hashtags: #PagaAConta, #TresPernas, #SabeDasCoisas, #AiSeEuTePego, #ApaixonadoPelaEx, #MaisBaratoQuePaoNaChapa e por aí vai… Mas não seriam essas hashtags extremamente machistas?

O que há de feminismo no homem pagar a conta? “O homem pagar a conta é cavalheirismo”, dirão algumas mulheres. Mas não seria o cavalheirismo uma forma de machismo?

Vivemos em uma sociedade machista, é verdade. Algumas nobres mulheres lutam, de forma contundente e inteligente, para mudar as coisas. Não querem um mundo feminista, buscam apenas o equilibrio. E, onde se encontra este esquilibrio?

No Lulu? Creio que não.

O Lulu dá espaço para premiar ou punir homens segundo critérios completamente dentro do padrão machista no qual vivemos. Ao avaliar um homem no quesito “Educação”, qual seria a pior resposta que uma mulher daria? #PedePraPagarOMotel? #PedePraDividirAConta?

Vamos falar mal desses vagabundos!

Vamos falar mal desses vagabundos, mas aqui no bar!

Créditos: Maarten Van de Voort

Aqui vale uma reflexão: por que para as mulheres é tão importante que os homens paguem a conta? Pense nisso!

O Lulu é um lustrador para egos masculinos e uma ferramenta de vingança para corações partidos. O Lulu, na verdade, reforça alguns esteriótipos femininos:

  • mulher só sabe falar mal de homem
  • mulher é tudo recalcada

Também reforça o fato de que alguns homens necessitam que seus egos sejam constantemente massageados. Tem gente que é movido a elogios. Vemos isso diariamente dentro do mundo corporativo. Não é a toa que os departamentos de RH vivem criando mecanismos para “reconhecer” seus funcionários. Tem profissional que só trabalha motivado se recebe elogios. Na vida pessoal também funciona dessa forma.

O que se vê no aplicativo, que é extramamente desrespeitoso, é um bando de mulheres avaliando mal ex-parceiros que não as trataram como elas achavam que mereciam, e homens pedindo que amigas deem boas avaliações a eles, já que seus egos não cabem somente dentro dos seus cérebros ou suas calças.

Lulu, um app desrepeitoso

Sim, escrevi que o aplicativo é desrespeitoso. Para que um homem seja avaliado basta que este tenha uma conta no Facebook. Nenhum tipo de autorização lhe é solicitada. Invasão total de privacidade!

No Facebook, e em outros aplicativos, você cria sua conta, e somente pessoas que você autoriza através de curtidas ou listas de amigos possuem acesso as suas informações.

Conclusão

É desse tipo de Lulu que eu tô falando!

É desse tipo de Lulu que eu tô falando!

Créditos: Dustin Finn

O Lulu é um aplicativo raso, tanto para homens quanto para mulheres. As hashtags que apontam defeitos e qualidade talvez façam sucesso entre o público adolescente, mas não creio que adultos consigam levar a sério o que é disponibilizado pelo aplicativo. Você quer “avaliar” como é um sujeito? Aproxime-se. Nada é mais gostoso do que a conquista.

Quer conhecer gente de verdade? Vá para a rua: bares de preferência. Tire suas conclusões através de suas próprias experiências. E, se gosta de dividir as experiências com as amigas, marque um chope. Jogue conversa fora.

Quer avaliar o Drunk’N’Roll? Chama ele pra sair! \m/

Vá viver! Um brinde!