Rum

Nada melhor que o nobre Jack Sparrow e suas velhas canções piratas pra falar de um velho companheiro, o Rum. Ninguém sabe quando surgiu ao certo, mas acreditasse que tenha nascido em meados de 1500 no Caribe, onde os espanhóis plantavam cana-de-açúcar, matéria prima pra tal bebida.

Rapidamente se tornou, sem dúvida alguma, o destilado mais cosmopolita da história, apreciado por artistas, escravos, fazendeiros, operários, marinheiros, soldados, reis e é claro, piratas, como diria o nobre Jack Sparrow. E foi por conta dos piratas que a bebida se espalhou por todo mundo rapidamente. Quem se não eles se arriscariam bêbados pelos 7 mares carregados de Rum, além do produto de seus saques.

Lendas piratas do Rum

Jack Sparrow dizendo 'rums is good'

Assim como no universo pirata, o Rum também tem muitas lendas, uma delas é que em seu nome há um tipo de código que levaria ao mapa do tesouro, outra que Dom Facundo, fundador da Bacardi, usou lágrimas de morcegos nas primeiras fabricações. Tem mais duas que tentam explicar a origem do nome da bebida, em que a palavra rum é a abreviação de Rumbullion, que em português quer dizer Tumulto, que estaria se referindo a arruaça que os bêbados, piratas ou não, causavam depois de consumir tal elixir. Outros defendem mesmo a origem latina da palavra que se derivaria nesse caso de saccharum, que quer dizer açúcar.

Rum, um destilado com cana-de-açúcar

Como já havia dito, rum é um destilado feito a partir da cana de açúcar. Mas vocês devem estar pensando: “nossa cachaça também”. Sim, vocês estão certos, porém, eles se diferenciam quando se trata da produção, pois a cachaça é produto da fermentação do caldo de cana e o rum é fermentado a base de um melaço de cana, o que garante mais sabor porque a concentração de açúcares no melaço é muito maior que no caldo de cana.

Garrafa do Rum Seven Tiki

Créditos: Quentin De Meuter

Extraído o caldo de cana, é feito um tipo de açúcar bruto que é na verdade o melaço e a ele é adicionado leveduras e água, para então começar o processo de fermentação. O tempo em que o melaço vai ficar fermentando vai depender do resultado que se quer obter, para o rum branco o processo leva de 24hs à 48hs, no caso de um rum escuro o processo pode levar semanas.

O produto resultante da fermentação já é o rum, mas com graduação alcoólica entre 4 e 6%, por isso o líquido segue para a destilação que pode ser feita em um alambique com coluna de refluxo que garante maior teor alcoólico ou um mais simples que lhe confere mais sabor e menos álcool. O bom da coluna de refluxo é que o liquido é destilado várias vezes continuamente sem parar, já no mais simples caso queira repetir a destilação é necessário parar, limpar o alambique e começar de novo.

Envelhecendo o Rum

Já pronto o rum vai para o envelhecimento e esse também varia conforme o tipo de rum. Para o branco o envelhecimento é feito em barris novos por cerca de 3 a 5 anos, já para obter o escuro o envelhecimento é feito em barris previamente queimados e pode ficar envelhecendo por até 15 anos. O curioso é que por conta do clima tropical, principalmente no Caribe onde a bebida é fabricada massivamente, o processo de destilação casou muito bem com a bebida, porém a perda por evaporação chega a 10% do total produzido anualmente, essa é chamada curiosamente de “PORÇÃO DOS ANJOS”. Eles podem até não ter sexo mas bebem pra caralho.

Normalmente o rum tem graduação alcóolica entre 40 e 45% porém os que são produzidos na Jamaica costumam ser mais forte chegando a 75% de álcool.

Os tipos de Rum

Garrafa do Rum Kraken

Créditos: Michelle Tara Cumming

São seis os tipo de rum:

  • Rum Branco – Assim designado devido à sua cor transparente e processo de envelhecimento mais curto.
  • Rum Dourado – Bastante similar ao rum branco, diferindo na cor e sabor, em virtude de um processo de envelhecimento mais longo.
  • Rum Escuro – Ao qual durante o envelhecimento se adiciona caramelo para alcançar a cor e sabor peculiares.
  • Rum Aromático – Em que se adicionam aromas de frutas ou especiarias.
  • Rum com elevado teor alcoólico – Trata-se de runs brancos com um elevado teor alcoólico, muito apreciado pelos canadianos e pelos britânicos.
  • Rum Premium – Trata-se, em princípio, de um rum com maior qualidade.

Porém como há uma grande quantidade de países produzindo, a variedade é enorme, fica particular de cada país dar o seu toque especial resultando numa variação ainda maior. Em meio as minhas pesquisas encontrei uma lista bacana:

  • Rum encorpado: É o rum escuro. Tem corpo e aromas marcantes e é originário da Jamaica, Martinica e Barbados.
  • Rum aromático: Além do melaço da cana, contém bagos de arroz vermelho. Produzido principalmente na Indonésia. É utilizado na fabricação de ponche.
  • Navy Rum: É um dos mais encorpados. Produzido na Guiana e em Trinidad e Tobago.
  • Rum cubano: Leve, com teor alcoólico de 40°GL, pode ter coloração transparente (para coquetéis) ou dourada.
  • Rum da Jamaica: O mais forte de todos os tipos de rum. Tem teor de quase 75°GL, e geralmente é exportado para a Inglaterra, onde é envelhecido em tonéis de carvalho por muitos anos.
  • Rum da Martinica: Encorpado, é feito do suco da cana no lugar do melaço.
  • Rum de Barbados: Excelente qualidade é leve e tem sabor acentuado.
  • Rum de Porto Rico: Figura entre os tipos mais famosos de rum, é leve e de qualidade. A marca mais famosa é a Bacardi, exportada para todo o mundo, inclusive para o Brasil. O rum Bacardi é leve, bidestilado e utiliza o melaço da cana e também o seu suco. Sem falar que a empresa tem 150 anos de história.

Garrafa do Rum Bacardi

Créditos: CW ANDERSON

Apesar da já enorme variedade citada, nos últimos 10 anos a bebida tem ganhado um toque especial, são os frutados que vêm causando febre na galera mais jovem, como exemplo temos o muito adorado Big Apple da Bacardi e os Malibus de coco, manga, abacaxi, melão, e acreditem, até de banana eles têm.

Rum e cadáver

Mas um Rum de ótima qualidade foi envelhecido de forma inusitada, após consumir todo barril da bebida, construtores húngaros encontraram um cadáver lá dentro, a reportagem é da revista Zsaru. hu:

Trabalhadores de Szeged, no sul da Hungria, tentaram mover o barril depois de vazio, mas continuava muito pesado. Os homens ficaram chocados quando o corpo nu caiu de dentro.

O site disse que o corpo havia sido enviado da Jamaica há 20 anos pela sua mulher, para evitar ter que pagar os custos de uma volta oficial. De acordo com o site, o rum do barril de 300 litros tinha um “sabor especial”, que fez com que os trabalhadores guardassem algumas garrafas para levar para casa.

Hoje, a mulher já é falecida, e o homem finalmente recebeu um enterro de verdade.

Por que bebemos rum?

Que a bebida tem mais de 500 anos nós já sabemos, entretanto, pra resistir tanto tempo no mercado agradando a gregos e troianos não é fácil, mas cada grupo bebe por um motivo diferente, os piratas porque lhes dava coragem para enfrentar as batalhas com os homens e com o mar, os militares porque acreditavam dar resistência a bebida. Já foi medicinal, outros grupos por admiração ao sabor e outros pra ficar bêbados mesmo.

Garrafa Havana e drink Cuba Libre

Créditos: Aleš Kocbek

Mas no começo da década de 60 o rum atingiu os mais jovens em cheio por conta da explosão dos coquetéis. Aliás, essa é a segunda bebida citada aqui no PdB que teve seu consumo elevado, a partir daí a outra foi o Gin. Por seu sabor marcante e sua boa graduação alcóolica, ele serve de ingrediente em muitos drinks e em alguns são indispensáveis, que é o caso do Daiquiri e do Cuba Libre.

Finalizando

Hoje o rum ainda é bastante consumido em todo mundo e a Bacardi, sua principal fabricante, é a maior empresa privada no ramo, valendo muuuuuita grana. Pra vocês terem ideia, quando Fidel Castro tomou o poder em Cuba em 1959 ele confiscou os bens da família Bacardi e os obrigou ao exílio nos EUA a empresa nessa época já era avaliada em US$ 76 Milhões e o Rum Bacardi só era fabricado em Cuba, imagina hoje que a Bacardi fabrica rum em cerca de 6 países.

O Brasil é um dos maiores consumidores de Rum em todo planeta e no país os Nordestinos são os campeões no consumo da bebida. A empresa hoje vende cerda de 21 milhões de caixas por ano, umas 240 milhões de garrafas. Tá bom pra vocês?

Conselho, provem todos os tipo que puderem, a bebida casa muito bem com muitas misturas como refrigerantes, sucos, energéticos e demais ainda nesse verão com temperaturas extremas, nada melhor que um Cuba Libre com muito gelo.

Valeu até a próxima.