Identidade, por favor?

Morar longe da sua terra natal implica em muitas coisas agradáveis, mas também bem desagradáveis. Além de morar longe da mãe que é ótimo, mas também uma merda, pois não tem mais ninguém pra lavar minhas calcinhas… Ops! Digo, digo, digo… Minhas ROUPAS, né? Onde já se viu uma mulher de 20 poucos anos deixar a mãe lavar a calcinha dela, né? Que coisa!

A árdua tarefa de morar longe

Burro do Shrek

Muito, muito distante...

Bom, voltando ao assunto “morar longe”… Na verdade, meu maior problema em morar longe, é que eu resolvi morar num lugar que não é muito longe. É longe PRA CARALHO! E eu meço a distância entre os lugares pelo tempo de voo, pois é essa a minha tortura desde que me entendo por gente. Sim. Eu tenho pânico, fobia, medo, pavor e terror de andar de avião. Na verdade, só de ver um avião no céu já me dá calafrios.

Era uma vez…

Agora que eu já fiz a introdução, vou começar a minha história de hoje que fala sobre minha maravilhosa aventura dessa semana. Fui para o Havaí. Nada mal, né? Delícia de praia, maravilha de Martini de Lichia, Pina Colada, coquetel disso, coquetel daquilo e mais praia. Tudo muito bom, tudo muito lindo, mas são 7 horas de voo daqui (Salt Lake City) pra lá (Honolulu).

Minha aventura de hoje conta como foi a minha volta pra casa quando descobri que a maravilhosa companhia aérea vendeu mais passagens do que o permitido. Coisa que eles adoram fazer só pra irritar e atrapalhar a vida das pessoas. Aí eles começam a anunciar naquele microfone que o voo está lotado e que eles estão oferecendo 400 dólares mais lugar no voo do dia seguinte pra quem quiser desistir de entrar no voo.

Opa, dinheirOHWAIT!

Dinheiro Notas de 100 dólares

Não da pra fazer nada com isso ¬¬

Créditos: MiSs LolliPop

Amigo, 400 dólares não dá pra nada no Havaí. A não ser que você não se incomode de dormir no chão do aeroporto pra guardar essa grana, porque se você for para um hotel pode dar adeus aos 400 mangos, tá certo? Bom, eu não sou do tipo que gosta de acampar e não vou dormir no chão de um aeroporto que nem tem ar condicionado.

Eu vou em pé nessa merda, mas eu VOU! Acontece, na realidade, que eu me preparo psicologicamente por muitos dias pra enfrentar um voo e eu não gosto de adiar sofrimento. Cheguei lá e quero embarcar! Sabe como é? Você se prepara pra enfrentar um sofrimento e tem que ser na hora. É como tirar um band-aid. Tem toda uma preparação, você respira e vai fundo. Não dá pra desistir.

A maldita identidade…

Velho mostrando a identidade

Créditos: Rocinha.org

Pra começar bem, na fila da segurança, na hora de mostrar a identidade me lembro que deixei minha identidade dentro do bolso do short dentro da mala que eu já havia despachado. GENIAL!!!! Não. Sério! PARABÉNS PRA MIM! Então, a mocinha da segurança no Havaí muito relax me diz: “Serve qualquer documento com foto. Tem a carteirinha de desconto do supermercado? Tem carteira de estudante?”

Ufa…

Foi o meu alívio… Mostrei a carteirinha do supermercado, da faculdade, da lavanderia e tudo mais que eu tinha na carteira e quase tomei um soco do meu marido. Pelo menos serviu e eu consegui passar pela segurança. Poxa, sabe como é quando você vai a praia e leva a identidade no bolso, mas esquece de tirar? Ah, vai… Acontece com todo mundo!

Enche a cara e dorme. Aham Cláudia, senta lá…

Bêbado dormindo

zzZzzzzZZZzzzzzzZZZzz

Eu sempre tomo um calmante pra cavalo pra ver se eu consigo dormir e esquecer o sofrimento. Até que adianta e eu consigo dar umas cochiladas de leve. Todo mundo me diz: “Ah, porra! Enche a cara que é a melhor coisa que tem. Tu apaga rapidinho”. Apaga só se for com a cara dentro daquela mini privada naquele mini banheiro, porque da ultima vez que tomei um porre de vinho, o piloto anunciou que ele precisava esperar um passageiro sair do banheiro e AFIVELAR a merda do cinto pra que ele pudesse aterrissar. Não preciso nem falar que o passageiro inconveniente que ganhou o ódio geral era eu, né?

Esse foi um dos poucos momentos em que olhei pro lado e senti que exatamente TODAS as pessoas a minha volta realmente me odiavam. Por isso, decidi que tomo logo um “sossega leão” embaixo da língua e não incomodo mais ninguém. Mas, porém, contudo, entretanto, todavia… Isso não impede que OUTRAS pessoas me incomodem.

Crianças e viagens de avião não combinam

Criança chorando no avião

Cala a boca moleque!

Créditos: Laffyte

Sentei com meu marido naquela fileira do meio com 3 poltronas e atrás de mim se encontrava uma família aparentemente normal: pai, mãe e filho. Como nada é perfeito nessa vida e quando meu remédio começou a fazer efeito a criança atrás de mim começou a gritar de uma tal forma que eu pensei que estavam dando supositório pro menino.

A gritaria era tanta que fiquei com medo do piloto ter levado um susto e perder a direção. Todo mundo olhava a criança, mas os pais nada faziam. Gente,  o que acontece com os pais de hoje que acham que ignorar o filho é a melhor solução? Bom, isso é tópico pra outra conversa.

Quando pensa que acabou…

Eu já não conseguia mais dormir e meu ódio já tinha tomado conta do meu ser. Quando a turbulência chegou com força e a porra do moleque não parava de gritar eu pensei: tomara que esse avião caia logo e acabe com essa porra de uma vez! Depois que o pentelho calou a matraca e eu consegui fechar meus olhos por 20 minutos, escuto um barulho.

A mãe do fedelho começou a vomitar SEM PARAR atrás de mim. E o marido IGNORAVA a mulher solenemente. Era como se nada estivesse acontecendo ali. Olha, se tem uma coisa que não dá é ver/ouvir gente vomitando. Quando tem vômito no Jack Ass eu fecho os olhos e tampo os ouvidos e peço pra alguém me cutucar avisando que já acabou.

VÔMITO DE PESSOAS ALHEIAS NÃO ROLA.

Abóbora vomitando

Bleargh!

Créditos: eliquine

Então, eu acordei e olhei pro meu marido e a cara de ódio dele era tão grande que chamei a aeromoça.

  • Querida, toma aqui 7 dólares. Traz um Jack & Coke fazendo o favor.
  • Pois não. Identidade, por favor?
  • Oi? Ai, moça… Deixei minha identidade dentro da mala.
  • Preciso ver sua identidade.
  • Querida, só se eu puder entrar no compartimento onde ficam as malas.
  • Sinto muito.
  • Eu também sinto muito por você, porque ao invés de trazer uma bebida pra mim você vai ter que carregar não só um, mas DOIS sacos de vômito. O meu e o da senhora aqui atrás. Ok?

Não. Eu não disse isso, mas meu olhar disse e aposto que ela entendeu. Hum… É. Ela entendeu meu recado.

A grande ideia de dar uma voltinha…

Eu estava quase vomitando com os sons que a mulher estava fazendo atrás de mim e resolvi dar uma volta pelo avião antes que outro desastre acontecesse. Que estupidez a minha de resolver dar uma volta e olhar pra mulher. Lá estava ela segurando um saquinho de vômito contra seu peito, como se fosse algo precioso. Saí correndo pro banheiro e segurei firme. Lavei o rosto e sem olhar pra mulher sentei de volta na minha poltrona. Tentei esquecer e dormi.

FUUUUUUUUUUUU

Quando o avião chegou em Salt Lake City e eu levantei pra pegar minha bolsa, olhei pra trás e a mulher AINDA segurava o saquinho de vômito. Nessa hora meu amigos, empurrei todas as pessoas que estavam na minha frente como se eu estivesse pronta pra salvar o avião de um ataque terrorista. Nesse caso o terrorista era eu e eu ia bombardear o avião com a sopa que eu havia tomado no jantar. Consegui empurrar todo mundo e chegar no banheiro a tempo de salvar a tripulação. Fui uma heroína mesmo.

Beber pra esquecVAI PRA PUTA QUE PARIU!

Garoto mostrando o dedo do meio

VAI PRA PUTA QUE PARIU!

Pra me acalmar, saí do avião e sentei num barzinho no aeroporto.

  • Moça, traz um Jack & Coke.
  • Identidade, por favor?
  • Ah, vá pra puta que te pariu!