O Absinto no Brasil

Em 1999, convidado para um jantar em São Paulo, meu querido amigo, o empresário Lalo Zanini, não sabia que iria dar de cara com uma de suas paixões, um encontro que mudaria sua vida. Um amigo vindo de Portugal chegou na festa com uma garrafa de uma bebida estranha, com uma cor verde pulsante que chegava a inebriar com seu brilho translucido. Sim, era o que vocês estão pensando meus caros leitores, uma garrafa de absinto no Brasil. Porém, ninguém além do Lalo sabia o que era aquilo e toda a sua história.

A entrada do Absinto no Brasil

Apaixonado por bebidas, em especial por Absinto, Lalo enlouqueceu e contou pra festa inteira o que aquele líquido verde representava, toda a alegria da boemia francesa, das noites no Moulin Rouge, a época máxima do Absinto no início do século. Foi sucesso total, em dado momento a festa inteira só falava naquilo, e o melhor, todos queriam provar. Foi aí que o tino empresarial do meu amigo o abateu: se uma garrafa aqui é sucesso, por que não trazer aos montes ao Brasil?

Lalo, seguindo sua intuição, ao fim da festa na noite de domingo pediu a garrafa pro seu amigo. Na sgunda pela manhã conseguiu contato com a destilaria portuguesa, e na quarta-feira lá estava ele em reunião com o dono. Com uma proposta ousada, Lalo comprou meio container de absinto e trouxe algumas garrafas na sua bagagem.

Absinto no Brasil, agora vamos vender, certo?

Rappers segurando uma garrafa de absinto

Créditos: Robert Fielder

Na chegada procurou os orgãos públicos devidos e conseguiu liberação para comercialização no país. Em São Paulo, juntou a imprensa em um dos seus restaurantes e deitou a poética explicação que fez seus amigos se apaixonarem. A coletiva que ele imaginava render algumas colunas pequenas te trouxe mais de 12 capas de revista em menos de dois meses, todo mundo só falava e só queria provar Absinto, incluindo outros países da América Latina, pois os EUA mantinha a proibição há 80 anos, mas o Brasil havia liberado a comercialização.

E isso foi um estrondo no mundo inteiro, pois era a lenda renascendo das cinzas agora no país do futebol. A procura era tão intensa que o acordo que era de meio container por mês passou a ser de 8 containers, a produção se aqueceu e a empresa teve que se adequar, pois nem mesmo vendendo pra toda Europa as vendas eram tão grandes quanto as que Zanini fazia no Brasil.

Seu nome ficou conhecido nos quatro cantos do mundo, o site publicou uma nota considerando-o como o maior vendedor de Absinto no mundo. O empresário ainda abriu um restaurante em São Paulo com o nome L’Absinthe, o único no mundo especializado em Absinto.

Por que o Absinto no Brasil foi proibido?

As vendas iam de vento em popa quando de repente a bebida sofre mais uma dura rasteira. Eu conversei com o Lalo Zanini, que me contou tudo como aconteceu na época.

Garrafa e copo de Absinto flambado

Créditos: Josef Kopal

Em meados de 2001, me relatou Lalo, que um famoso programa de TV de uma grande rede, divulgou uma matéria sobre o Absinto ser ilegal no Brasil. E isso foi o bastante para o império ruir e o absinto cair outra vez. No dia seguinte à matéria, fiscais entraram nos restaurantes em todo Brasil apreendiam ou multavam todos que vendiam Absinto. Uma confusão, segundo o Lalo não havia motivos pra isso, o absinto tinha sido liberado e não havia proibição nenhuma. Mas mesmo sem nenhum respaldo, os fiscais faziam a apreensão.

O empresário foi até Brasília e procurou a secretaria da fazenda, emitiu outra via da sua liberação, procurou a rede de televisão, mas não conseguiu sucesso. O estrago nas vendas já tinha sido feito. O empresário tentou reverter a onda lançando o Absinto ICE, que teve uma ótima aceitação, porém, devido ao estrago feito pela tal emissora, apesar da venda avassaladora do Ice, Zanini resolver encerrar a empresa com receio de novas represálias movidas pela tal emissora e motivada por um inimigo oculto.

E o Absinto renasce das cinzas…

O que ninguém esperava é que em 2006 o EUA liberia o consumo e comercialização do Absinto. Isso bastou pra causar um efeito dominó, vários países da Europa, inclusive França e Suíça, seguiram o exemplo e liberaram também. A indústria voltou a pulsar, e então que vem a boa notícia, em entrevista exclusiva com o empresário Lalo Zanini ele me revelou ter sido procurado por várias empresas europeias que possuem interesse em trazer a bebida para o Brasil, país que outrora mostrou ser um grande consumidor da bebida.

Porém, Lalo disse que os tramites burocráticos para entrada e comercialização do produto aqui dificultam as coisas. Entretanto, o mesmo está em discussões para uma possível volta da bebida pro Brasil. Eu também, seu humilde colunista PdB, soube que o Brasil despertou o interesse de empresas como a Hapsburg, uma marca de Absinto londrino e de uma marca francesa visitada por Lalo no região da Provence, as conversas estão em andamento, porém a burocracia brasileira atrasa todo tipo de negociação.

Mas chega de tantos altos e baixos, vamos beber!!!

Taça de Absinto

Absinto pode ser servido de várias formas, com ou sem gelo, puro ou misturado, mas sem dúvida alguma o drink de absinto com o torrão de açúcar flambado é o que mais chama a atenção. O sabor é forte e possante. Eu espero que provem e gostem assim que tiverem oportunidade. E vamos torcer para que o absinto seja liberado logo e possamos desfrutar a nossa escolha.

Eu quero agradecer em especial ao meu amigo Lalo Zanini, que nos deu uma exclusiva contando toda história do Absinto no Brasil, inclusive seus planos para o futuro. Aguardem novidades.

Abraço e até a próxima.