O Destino Abunda – Capítulo 6

A primeira coluna é sempre uma apresentação. Em uma página de Word eu mostrei ao Brasil a minha opinião de que os homens brancos deveriam ter uma cota no Congresso Nacional: no máximo 10% das vagas. E homem-branco-hétero-classe-média-cis é meu lugar de fala.

Pronto! Fui cancelado na internet. “Como pode um homem branco atacar o irmão de cor?” – pergunta um internauta-robô. Fui acusado de racismo reverso e essas coisas que só exitem na Terra Plana. Fui cancelado, mas saí de quinhentos seguidores para duzentos e cinquenta mil. Ponto positivo.

E a coluna…

Sobre a coluna… Eu argumento que o Brasil teve anos de administração pública comandada por homens brancos. Por vezes, esses homens brancos exigiam títulos e posses para se tornarem políticos. Ainda assim, esses homens cheios de culturas e dinheiros nunca acertaram o país.

E a prova de que esse é um problema genético está na linhagem. É comum homens brancos deixarem seus filhos brancos como sucessores dos cargos políticos. Bolsonaros, Dirceus e Maias provam isso. Anos e anos de homens brancos e nenhum sucesso. A gente erra e persiste no erro.

Discorro ainda que #TeamHasselmann ou #TeamHoffmann podem não ser suficientes. O futuro não tem cara de herdeira do Leblon. Aliás, o futuro não pode ser o Leblon. Lá o chope é dez reais e você tem que beber em pé na calçada. Nada contra beber do lado de fora e em posição de sentido. O foda é cobrar dez reais numa cerveja sem pressão e aguada. Quer maior prova de que o Leblon só forma otário?

E lá vem indignação…

A coluna no Estadão gerou indignação de todos os lados. Fui acusado de ser esquerdomacho, de querer fazer média, demagogo e até de cria do George Soros (quem me dera!). O Pondé disse que eu só falo isso pra “pegar as menininhas”. O Constantino usou Freud pra explicar um suposto sentimento de culpa que existe em mim. Olavo usou palavrões pra me descrever e cismou com meu sobrepeso.

Se você é um formador de opinião, você falou da minha coluna. Provavelmente o suficiente pra divulgar meu nome e minha história. Passei a receber emails dos leitores pedindo exemplares da minha zine. Trezentas cópias só no sábado e quase seiscentas no domingo. E os pedidos não param de chegar.

Envio como carta. Por vinte reais eu envio a carta para qualquer lugar do Brasil com os meus dois primeiros capítulos do folhetim. Ser escritor é isso, né? É fazer dinheiro com os seus piores momentos. Esse mês eu tô no lucro. A sociedade gosta de um espetáculo e eu tô vendendo barbárie impressa.

Finalizando…

Sabe o que a conversa com a Fátima Bernardes me ensinou? Não existe publicidade ruim. Tenho entrevista marcada na Jovem Pan, na CBN, Mídia Ninja e até no Terça Livre. Eu tô na moda. As pessoas querem me confrontar. Provar que estou errado. E só tem um tipo de pessoa que nunca admite o erro: o orgulhoso.

Prazer, Armando.