Terroirs do Brasil, no Museu do Amanhã

Nessa última segunda-feira nós do PdB fomos convidados para um evento excelente sobre vinhos no Museu do Amanhã, aqui no Rio de Janeiro. Foi o Terroirs do Brasil, e quem organizou o evento foi a Vinhos do Brasil, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o Sebrae e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

E como foi o Terroirs do Brasil

Garcom colocando vinho no hamonização do Terroirs do Brasil

Créditos: Davi Campana

Cheguei quase na hora, já tinha iniciado o papo. O início foi muito interessante, falando sobre quando o vinho surgiu no Brasil, que foi no ano de 1551, citaram várias coisas sobre índios, escravos e suas participações na história do Brasil e do vinho. A história brasileira foi bem presente. A palestrante era a Silvia Mascella Rosa, muito simpática por sinal.

Um ponto bem interessante que ela citou foi sobre os vinhos de hoje, que eles não têm mais a cara de antigamente, tanto em presença, “espírito” e nos rótulos. Reuni alguns pontos que ela citou antes das degustações:

  • Em 1640 aconteceu a primeira degustação e padronização dos vinhos no Brasil. Foi a primeira vez que perceberam que a produção dos vinhos não tinham uma padrão, com isso, alguns ficavam bem ruins e davam ressaca. (e uns dão até hoje)
  • Você acha hoje um vinho caro? Em 1700 um barrilote (barril) de vinho custava MEIO QUILO DE OURO.
  • Em 1871 Dom Pedro levou vários vinhos brasileiros para a Europa. (garoto esperto)
  • Em 1888 tivemos a primeira vinícola brasileira lançada na Campanha Gaúcha.

Sobre as degustações no evento Terroirs do Brasil

As degustações foram divididas em quatro partes, sendo a última com as sobremesas. Vou falar sobre cada etapa e o que comemos e bebemos em cada uma delas.

Primeira rodada de Degustação do Terroirs do Brasil

Primeira hamonização do Terroirs do Brasil

Foi uma entrada interessante com castanhas, casquinha de siri e bolinho de feijoada. Todos em tamanho mini, pois muita coisa ainda estava por vir. A aposta ficou com o terceiro item, o bolinho, já que misturar feijoada com vinho é algo meio que surreal. Foram oferecidos três espumantes, um para cada petisco: Guatambu, Dal Pizzol e Viapiana. Vamos aos pontos:

  1. As castanhas tinham açúcar, pimenta ou sal. Elas sobrepuseram bastante o espumante, ficando sem força, mas o gosto dele era bem interessante.
  2. A casquinha de siri, bem salgada, harmonizou perfeitamente com o segundo espumante, que era mais adocicado.
  3. O bolinho de feijoada, aposta da noite, casou bem com o espumante Rosé, porém, era fraco, pois não tinha muita força no sabor, não tinha carne. Talvez essa fosse a intenção, já que a Silvia comentou sobre harmonizar espumantes com feijoada e que não combinaria muito bem. Esse terceiro espumante era bom, mas o segundo era melhor.

Achei o início bem interessante, só ficou devendo mesmo o bolinho de feijoada. A casquinha era absurdamente boa, porém, salgada demais.

Segunda rodada de Degustação do Terroirs do Brasil

Segunda hamonização do Terroirs do Brasil

Essa segunda rodada tinham dois pratos, uma salada morna e uma moqueca de peixe, cada um harmonizando com um vinho diferente: Arbo e Núbio. Vamos aos pontos:

  1. A primeira harmonização ficou espetacular. A salada morna com ervas era gostosa demais, me surpreendeu, e o vinho era muito leve, porém, bem presente junto com a salada. Sacudimos a taça e tapamos, com isso, o aroma do vinho ficou bem mais forte, espetacular.
  2. A segunda ficou muito boa. Era um vinho branco forte e muito presente, combinando muito bem com a moqueca de peixe. O vinho também harmoniza bem com a salada morna, mas não tão bem quanto o primeiro.

Por mais carnívoro que eu seja, gostei mais da harmonização com a salada, sério 😛

Terceira rodada de Degustação do Terroirs do Brasil

Terceira hamonização do Terroirs do Brasil

Essa terceira rodada (não perca as contas 😛 ) foi maior, tiveram 4 vinhos diferentes, sendo três tintos: Pizzato Merlot, Elos Cabernet Sauvignon e Malbec, e um sem rótulo, e um espumante: Gran Casa Valduga. Com eles foram três pratos: arroz com pato, isca de filé com purê de banana da terra e escondidinho de carne seca. Como os pratos estavam em ~desvantagem~, fiz um revezamento entre os três pratos e os quatro vinhos. Vamos aos pontos:

  1. O arroz com pato era ótimo e ficou muito bonito por causa da flor de lúpulo que vinha na decoração. Claro que eu comi a flor 😛 . Apesar de ser muito bom, não era marcante, esperava um pouco mais dele. Combinou com quase todos os vinhos, menos com o terceiro vinho tinto. Ficou melhor com o primeiro e o espumante.
  2. A isca de filé com purê de banana da terra estava excelente, e olha que eu odeio misturar doce com salgado. Harmonizou muito bem com o primeiro e segundo vinhos tintos.
  3. Por último, comemos um escondidinho de carne seca que estava muito bom, porém, fiquei triste com a notícia que a Silvia nos deu falando que não teria pimenta biquinho, que era a ideia inicial, já que o azeite atrapalharia bastante a harmonização. Antes de comer nos disseram que harmonizaria bem com o terceiro vinho tinto e realmente foi verdade, casou perfeitamente. E após essa harmonização o espumante, que não era muito presente, ficou mais valorizado.

Dos três pratos eu preferi o segundo, a isca de filé e dos quatro vinhos eu preferi o terceiro tinto, que era absurdamente presente.

Quarta rodada de Degustação do Terroirs do Brasil

Sobremesas da hamonização do Terroirs do Brasil

Pra finalizar, claro que tinha que ter sobremesa. Foram duas na verdade: bolinho de coco e chocolate brasileiro semi amargo. Vamos aos pontos:

O bolinho de coco era excelente, que foi harmonizado com um ótimo vinho branco, caiu muito bem.

Pra fechar nós tivemos chocolate semi amargo, e claro, tinha que ser nacional. Ele foi harmonizado com um Brandy Don Giovanni, destilado de vinho envelhecido por no mínimo 12 anos. Bem forte, caiu bem com o chocolate.

Finalizando

O evento foi excelente, um belo exemplo de como seguir nesse modelo, onde informações são bem posicionadas antes de começar as degustações. A Silvia está de parabéns pelo seu conhecimento de história, e claro, sobre vinhos. Ela mostrou que não é necessariamente obrigatório uma vinícola ser do Sul do país, que é o caso do Vale dos Vinhedos. Ela mostrou que existem outras por Goiás, São Paulo, Minas Gerais, dentre outros locais. Isso tudo depende muito da uva, que pode ou não se dar bem com diferentes solos e climas mais quentes.

Valeu também pelo final, que ainda teve uma mesa de frios e vinhos que produziram para as Olimpíadas. Que tenham mais eventos sobre vinhos no Rio de Janeiro.

Aquele abraço.

Créditos da foto de capa: Davi Campana