Top 10 Vinhos brasileiros, a qualidade prata da casa

Virou um senso comum entre boa parte das pessoas que começam a beber e apreciar vinhos que os rótulos nacionais, vinhos brasileiros, são caros demais, em especial se comparados a similares do cone sul e até mesmo do velho mundo. Isso é verdade em parte: no geral os vinhos brasileiros ali na gôndola do mercado mais próximo costumam custar mais, ou são bem inferiores aos argentinos e chilenos de mesma faixa de preço.

Então qual a parte que não é verdade nessa história de vinhos brasileiros?

Cuidado com qualquer frase que começa por “em geral”. 😀

Barris de vinho

Créditos: Lélia Valduga

Durante muitos anos, nos grandes supermercados, vinhos brasileiros se resumiam nos garrafões de vinhos de mesa doces, daqueles que martelam sua mente no dia seguinte. De uns 10 anos pra cá, com o aumento da oferta de bons vinhos chilenos, argentinos e portugueses custando até 40 reais, me parece que o mercado nacional de vinhos mais elaborados correu atrás do prejuízo, e ao menos se encontra opções “honestas” da Miolo e da Valduga.

A melhor parte da história:

Você ainda é capaz de encontrar excelentes vinhos brasileiros à venda por preços competitivos, mas especificamente em casas especializadas. Pra tentar exemplificar, eis uma humilde lista de 10 melhores vinhos nacionais que eu tive o prazer de beber nos últimos anos.

É uma lista muito pessoal, e por isso mesmo bem difícil de montar: nela eu misturo vinhos tintos, brancos e espumantes. Uns preferem tintos, outros preferem espumantes, alguns são fãs de brancos… O importante é que no nosso país achamos boas opções de qualidade, qualquer seja a preferência.

10 – Vinhos brasileiros: Casa Valduga Premium Brut

A Casa Valduga tem tradição em brancos e espumantes, e este aqui eu bebi num casamento. Na época eu ainda não conhecia a qualidade dos espumantes nacionais, e achava que se tratava de um Prosecco italiano. Espumante leve e saboroso, composto por 60% de uvas Chardonnay e 40% de Pinot Noir.

9 – Vinhos brasileiros: Lidio Carraro Grande Vindimma (Tannat)

Localizada na Serra Gaúcha, a Lidio Carraro é uma vinícola não muito grande, mas que tem se destacado bastante no mercado internacional. Foi uma das primeiras vinícolas brasileiras a vender seus vinhos em lojas Duty Free de aeroportos internacionais. Esse tannat especificamente me encantou (sou fã dessa uva, que geralmente dá bons vinhos no Uruguai), tão bom ou melhor do que os similares uruguaios sem ser caro demais.

8 – Vinhos brasileiros: Bettú Gewurzstraminer

Taça de vinhos brasileiros encharcada

Créditos: Or Yarimi

Vinho branco feito com uma uva alemã pouco comum (mas que costuma gerar vinhos leves e florados, ótimos para dias de verão), feito por Vilmar Bettú, uma figura lendária da vitivinicultura brasileira. Resumindo : um produtor de vinho bem roots, de métodos artesanais (nada de química, fertilizantes, etc) e que produz vinhos excelentes. E melhor do que isso: que bebe os vinhos que não consegue vender (emprego dos sonhos) 😀

7 – Vinhos brasileiros: Miolo Cuvée Milesime

Espumante top de linha da Miolo, a maior vinícola nacional, feito pelo método champenoise (o mesmo utilizado para fazer os champanhes franceses). Confesso que tinha preconceito com os vinhos da Miolo por conta do ‘Miolo Seleção’, que eu sempre achei bem fraquinho. A partir do Reserva Merlot eu comecei a mudar de opinião, e nesse espumante aqui eu pude dar o devido valor à Miolo. Tanto que tem mais vinhos deles nessa lista.

6 – Vinhos brasileiros: Miolo Quinta do Seival – Castas Portuguesas

Aqui um tinto da linha premium da Miolo, que normalmente você só encontra em lojas especializadas (nos supermercados, normalmente só vendem o Seleção, o Reserva e os vinhos da Almadén). Feito em parceria com a Dão Sul, de Portugal. Não esperava nada desse vinho, e desde que provei pela primeira vez em 2007 compro uma garrafa sempre que posso.

5 – Vinhos brasileiros: Salton Talento

O tinto top de linha da Salton, que tem mais tradição no mercado de brancos e espumantes. Provei esse vinho em 2008, na casa de um amigo que diz ser este o tinto nacional predileto dele. Não chegou a ser meu predileto, mas confesso que fiquei bastante impressionado com a qualidade. Bem superior aos vinhos argentinos e chilenos na mesma faixa de preço inclusive.

4 – Vinhos brasileiros: Miolo RAR

Vinho produzido por encomenda do empresário Raul Randon para suas bodas de ouro, fez tanto sucesso que passou a ser comercializado pela Miolo (conforme falei aqui). Apesar de eu não ser tão fã de vinhos muito tânicos e encorpados, esse aqui em especial me agradou bastante. Talvez pela influência do Merlot, que dá uma boa suavizada no Cabernet Sauvignon utilizado no corte. Cai muito bem acompanhando rosbife ou carne assada.

3 – Vinhos brasileiros: Cave Geisse Nature

Um dos melhores espumantes que eu já bebi até hoje, só perdendo para os champanhes (dizer que são franceses é pleonasmo, mas vai que… :D). Usei inclusive pra mostrar pra um amigo também bebedor de vinhos que o Brasil já produz espumantes de primeira linha, e ele ficou bastante impressionado. Também produzido pelo método champenoise (um dia eu me aventuro a falar dos diferentes métodos existentes, prometo).

2 – Vinhos brasileiros: Miolo Lote 43

Garrafas de vinho do lote Miolo 43

Créditos: Antonio Silveira

O vinho tinto top de linha da Miolo, que até não muito tempo atrás só era vendido diretamente por eles (pelo site ou visitando a vinícola). Recebe o nome do lote de terra comprado com as economias do patriarca Giuseppe Miolo, quando chegou ao Vale dos Vinhedos no final do século XIX. Feito com as uvas Cabernet Sauvignon e Merlot somente em anos de safras excepcionais (ou seja, nem todo ano tem), e passa por 1 ano de envelhecimento em barrica e 2 anos na garrafa antes de ser comercializado. Sem frescura: é o tipo do vinho bom pra decantar antes de beber. Foi meu vinho predileto por um bom tempo.

1 – Bettú Bordalês 2003

O vinho que desbancou o Lote 43 na minha preferência entre os nacionais é justo uma das obras de arte do Bettu. Como indica o nome, aqui ele faz uma versão nacional dos grandes vinhos de Bordeaux, utilizando principalmente Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot. Bebi em uma confraria em 2009 numa degustação às cegas. Por mais da metade dos presentes, foi o melhor vinho da noite. Pra mim, o melhor tinto nacional.

Finalizando

Como podem reparar, nem todos esses rótulos são fáceis de se achar por aí (os do Bettú só lá, embora eu ache que já tenha um representante trazendo vinhos dele para o eixo Rio – São Paulo). A maioria no entanto você acha nas boas casas especializadas. Se não achar, peça uma recomendação ao vendedor. Tem muito vinho bom sendo feito no nosso país, e a melhor forma de descobrir é bebendo (os Villa Francioni que me aguardem, me falaram muito bem e eu bebi um há tanto tempo que nem lembro).