Vladmir Maiakovski: Porres e Poesias

Créditos: matley0

Depois de relembrarmos o saudoso “velho safado”, ele mesmo Charles Bukowski, é chegada a hora de lembrarmos-nos do mestre Vladmir Maiakovski, grande gênio da literatura Russa, foi o grande criador da frase:

melhor morrer de vodka do que de tédio!

A Sierguéi Iessiênin

(Tradução de Haroldo de Campos)

(…) Remédio?
Para mim, despautério: mais cedo ainda você estaria nessa corda.
Melhor morrer de vodka que de tédio! (…)

Pra falar a verdade, o Maiakovski sabia muito bem o que estava falando, pois, o tédio é o veneno da alma. Porém, infelizmente ele não terminou a vida com uma garrafa embaixo do braço, mas sim com uma bala no peito.

Vladimirovich Mayakovski nasceu em 19 de julho de 1893, na aldeia de Bagdadi, na Geórgia, Rússia.

Maiakovski estudou em Bagdadi até o ginásio, tendo mudado de lá logo após a morte súbita do pai, momento em que sua família ficou em total estado miséria e, conseqüentemente, tiveram de se mudar para Moscou, onde Vladimir deu continuidade a seus estudos.

Começando desde cedo

Logo aos 15 anos, Maiakovski ingressou na facção bolchevique do Partido Social- Democrático Operário Russo, motivado por ter se impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo pelas obras socialistas.

Como bom revolucionários que era, Maia foi detido em três ocasiões, tendo sido liberado duas vezes por falta de provas, e a terceira ficou preso por onze meses na prisão de Butirki, desta vez como participante num plano de evasão de mulheres presas. (Pelo menos foi por um ótimo motivo!)

Ali Maiakovski se atirou intensamente a leitura febril de romances e da poesia russa da época, sobretudo da escola simbolista. Criou versos, com:

Obrigado aos guardas: ao soltar-me, tiraram aquilo. Senão, era capaz de publicar!

Saindo da prisão, abandona o ginásio. Dedica-se novamente à pintura, desta vez num estúdio.

Fiquei pintando serviços de chá prateados, em companhia de não sei que damazinhas. Depois de um ano percebi: estava estudando prendas domésticas

Grande David Burliuk

Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.

Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovski se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos, etc.

Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.

Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.

Um de cara de muitas paixões…

Foi homem de grandes paixões, além da vodka, claro, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo, mas não suportou as duras críticas sofridas em 1930, quando numa discussão pública, que teve lugar no auditório do Instituto Plekhânov de Economia Popular, onde sofreu ataques de jovens estudantes, onde repetiram velhas acusações, do tipo: “incompreensível para as massas”, “usa palavras indecentes” e etc.

Maiakóvski replicou em alto e bom som:

Quando eu morrer, vocês vão ler meus versos com lágrimas de enternecimento

Na ata da sessão constou: “Alguns riem”. A fase de depressão que atravessava foi agravada por sucessivas afecções da garganta, particularmente penosas para quem procurava sempre falar em público, e cuja poesia ficou marcada pela oralidade.

Aqui jaz…

Depois disso, afogado em meio a um turbilhão de sentimentos, deciciu terminar o poema “A plenos pulmões” e, infelizmente suicidou-se com um tiro no peito (1893-1930).

Sem sombra de dúvidas Vladimirovich Mayakovski foi um grande gênio russo, que deixou seus ensinamentos eternizados na história. Como se pode observar por aqui, foi um homem intenso, forte e de extrema personalidade.

Bibliografia: