As confidências do bar

Já contei aqui outras vezes sobre alguns aspectos que valorizo nos bares. O que nunca contei foi algo sobre a vida ébria e que considero muito mais profundo e importante, que é capaz de nos fazer mudar de vida – ou pelo menos ter mais clareza sobre ela – quando se está dividindo uma boa cerveja: as confidências.

Bares, um ótimo lugar para beber e conversar

Brinde de amigos no bar

Créditos: LuckyImages

Acho que uma das coisas que mais gosto de fazer na vida é conversar. E como a Hebe já morreu, sobra para os amigos no bar a responsabilidade de dividirem comigo esses momentos – RISOS. Piadinhas infames a parte (muito embora meus amigos precisem aturar isso de mim também) as confidências de um bar podem ser transformadoras. Talvez seja o que mais me motive a abrir uma cerveja e dividi-la com alguém.

Muitas vezes essas conversas não acontecem propriamente no bar, podem ser no sofá de casa mesmo, mas tem o mesmo sentido.

Não sei ao certo se é a idade chegando, a busca incessante por algum tipo de propósito, o mistério da vida, ou a vontade de ter novas descobertas, compartilhar sentimentos, buscar orientações, a ideia de criar uma empresa, receber conselhos ou ter um momento de atenção. Sei que a bebedeira pela bebedeira, aos poucos, vai perdendo o de sentido pra mim.

Mas também não existe só as confidências do bar

Hoje se eu sento na mesa do bar, prefiro sentar com aqueles que tem algo a me oferecer e que eu possa retribuir também. Algo de pensamento, de segredo, de novas ideias. O prazer da boa cerveja se multiplica quando se confrontam pontos de vistas ou abrem-se os corações. O sentido de se estar no bar dividindo parte do nosso tempo com quem está disposto a compartilhar contigo coisas que são suas passa a se completar quando as confidências são trocadas. Confidências que talvez morram ali mesmo, na mesa, ou que leva-se para a vida como aprendizados…

GOOOL!!!!

GOOOL!!!!

Créditos: LuckyImages

Às vezes, pode até não fazer o sentido algum. Ás vezes essa minha conversa aqui pode estar parecendo papo de bêbado. Mas atire a primeira pedra quem nunca varou a madrugada discutindo ideais, religião, questões existenciais, amor, a solução para o mundo com uma nova proposta política e um novo sistema econômico. Ou melhor, não atire pedra nenhuma. Se você não fez isso, vá abrir uma cerveja e chame um amigo. E depois abram mais uma, e mais uma. E só parem quando tiverem encontrado alguma questão boa o suficiente pra te deixar intrigado a ponto de serem necessárias outra e outra rodada eu dias posteriores para resolvê-la.

Tudo bem, eu sei que isso de fato parece conversa de bêbado, apesar de eu estar escrevendo este texto completamente sóbria. Talvez seja efeito das minhas horas-aula de bar muito bem feitas que me fazem pensar sobre isso, mesmo que absolutamente sã. Mas, tentem isso em casa um dia, crianças. Ou no bar. É possível descobrir outros prazeres da boa cerveja que estão além do sabor, da apreciação ou do porre.

Ah.. como eu gosto de discutir sobre as confidências do bar!