Rufião – O Rei do Rio: Capítulo 9

Desculpem o sumiço, mas os próximos e últimos capítulos justificarão o que aconteceu. Usarei esse espaço como meu manifesto.

A política brasileira tem cara de cu. Um cu usado. Gasto. Desprovido de pregas. Com uma hemorroida pulsante. Diante disso, trago verdades.

Meu manifesto sobre o sexo grupal

Suruba com mulheres

Acho que me dei bem!

Antes, devo explicar. Não sei quantos de vocês já participaram de sexo grupal, mas eu tenho algumas dicas básicas para dar:

  1. Nunca tire suas meias, você pode acabar pisando em algo indesejável;
  2. Não deixe seu bumbum dando bobeira, especialmente em ambientes escuros e lotados (a não ser que você queira);
  3. Se algo der errado, não emita sons, as pessoas podem descobrir que foi você. Finja que não aconteceu;
  4. Higiene em primeiro lugar, especialmente nas dobras do seu corpo;

Surubas não possuem regras, só convenções sociais. São dicas para que a putaria aconteça sem problemas e todos gozem com/na situação.

Pois bem. Vamos ao primeiro evento que desencadeou todo o meu sumiço:

Vamos pra suruba…

Kelly me chamou para participar de uma orgia na suíte presidencial de um dos hotéis mais chiques da cidade. Pensava que se tratava de uma ação de globais e jogadores de futebol. Como sou ingênuo. Todos os chefes dos poderes do Estado e do Município do Rio de Janeiro estavam reunidos.

Segundo minha sócia, eu fui chamado pra ser uma espécie de anfitrião daquele antro da perdição. O ambiente era perdulário. Champanhe, caviar, morangos e muito chantili.

Eu ficava ali, trocando as músicas do meu Ipod (Planet Claire do B-52s no volume máximo!), oferecendo mais bebida e dando sugestões. “Faz tipo o Ron Jeremy” “Enfia o dedo também”. “Não tenha medo, a Allegra sabe fazer isso”. “Se o senhor girar tudo, vai quebrar um osso”.

Orgias às vezes não são heteros…

Orgia com bonecos

Créditos: Santiago Naranjo

Por mais que surubas sejam divertidas, elas não são ambientes heterossexuais. Lembre-se que em todo momento você terá uma pessoa do mesmo sexo, ao seu lado e nua. Sem contar que vocês duas estão próximas e excitadas. É como tomar banho no presídio e ter uma ereção não programada: Você será “castigado” por isso.

Aqui não podia ser diferente.

Enquanto eu e Kelly conversávamos, a figura mais importante da noite, o político mais famoso, pisa em algo escorregadio e cai de bunda no chão. Ele era o único que não estava usando meia. Ele desrespeitou a primeira regra.

(E eu tinha avisado sobre a meia! Ele não me ouviu. Dizia ser coisa da oposição).

Ajudei o político a se levantar e, por conta das dores da queda, ele me pediu pra levá-lo ao banheiro.

Aqui entra a segunda regra.

Eu estava de roupão e estava excitado com as coisas que Kelly falava no meu ouvido antes do acidente. Todo homem ficaria. Uma mulher bonita e inteligente é sempre uma companhia prazerosa. Comigo não poderia ser diferente. Tive que ir, ereto e bombástico, ao banheiro ajudar aquele senhor.

Num mal jeito do político que limpava os pés no bidê, ele caiu em cima de mim. Foi quase. Tipo bola que bate na trave. Escorregou pro lado, mas bateu na porta. Só que o político gostou e me pediu pra fazer mais. Neguei. Ele persiste.

  • – Armando, é só uma suruba. Nas surubas rolam essas coisas. Deixa o preconceito de lado. Me chama de Anitta. Sempre rola isso nesse tipo de festa.
  • – Seu Político, não é por isso que eu vou fazer – mantive a postura de anfitrião – Deixa isso pra lá. É papo de bêbado. Vida que segue.
  • – Vou deixar bem claro. Ou você põe tudo, ou eu fico chateado.

Orgia romana

Créditos: Ranklyn Espinal

Político que diz que fica “chateado” é, no mínimo, retardado.

  • – Sr. Político, não vamos por esse caminho.
  • – Me come! Me come! Me come! – gritava batendo com os pés no chão.
  • – Não vou! Não vou! Não vou! – respondi de forma madura
  • – Eu mando nesse Estado, ou você obedece, ou eu te fodo! Entendeu?! – ameaçou
  • – É. Mas quem tem os poderes na mão aqui sou eu. Posso acabar com sua carreira, seu merda. Basta eu dedurar suas festinhas! Seus passeios de helicóptero para Cabo Frio! – retruquei

Infelizmente, um homem armado é um homem perigoso. Ele tem a Polícia Militar como cão de guarda dele. Ameaçou minha mãe. Disse que eu poderia acabar com a carreira dele, mas que eu perderia meus parentes e ainda me prenderia por rufianismo.

Eis que o improvável acontece…

De pau mole, fui obrigado a começar uma relação sexual com o Sr Político. Por minha sorte, o ato foi interrompido antes mesmo de ter início.

Um dos secretários de Estado entrou no banheiro. Eis que o Sr. Político não perdeu a oportunidade de se defender:

  • – Ele está tentando me estuprar!!

Fui atacado e apaguei quando me acertaram com um vibrador na cabeça.

Continua…