Lúpulo, o ingrediente mais charmoso da cerveja

Há tempos que queria escrever sobre o ingrediente que eu mais acho fodástico da cerveja, o nobre lúpulo. Talvez porque eu goste muito de cerveja amarga e gosto tanto do sabor quanto o aroma de uma cerveja. Uma cerveja amarga e que tenho um aroma presente, frutado, que seja, me deixa tremendamente satisfeito. Com isso, resolvi escrever um pouco sobre esse ingrediente, que pra mim é o mais sagaz, charmoso da cerveja.

O lúpulo é responsável pelo amargor e aroma da cerveja

Garrafa de cerveja despejando lúpulo no copo

Créditos: Dan King

Já falei sobre o IBU, que é a sigla para International Bitterness Unit, que é a unidade que mede o amargor de uma cerveja, portanto, a quantidade de lúpulo nela. E claro, falei do IBU porque o lúpulo é o principal responsável pelo amargor da cerveja.

Um pouco da história dessa flor

Antes de mais nada, vamos começar com os mamilos a polêmica, o nome do lúpulo é Humulus Lupulus, e sim, ele seria realmente um primo da maconha, pois faz parte da família annabaceae ao lado da Cannabis Sativa. Mas calma, você não está bebendo maconha, apesar da cerveja te deixar meio doidão dependendo da quantidade 😛

Humulus Lupulus é uma planta do tipo trepadeira (que safadinha), que ultrapassa os sete metros de altura em alguns casos. Ela também é sagaz como nós do PdB, prefere a noite, crescendo várias dezenas de centímetros a cada noite. Depois disso ela começa a produzir aquelas flores que nós conhecemos, que na verdade são pequenos cones.Algo interessante também é que somente as plantas femininas é que são usadas para a produção da cerveja. Inclusive falamos disso aqui no Papo de Bar quando citamos aquela cerveja ~transsexual~, a No Label, da fodástica Brewdog, que foi a primeira cerveja transgênero do mundo.

Lúpulo nem era ingrediente da cerveja

Bonecos em cima das flores de lúpulo

Créditos: Miguel Aguilera

Além disso, antigamente (e põe antigamente nisso) o lúpulo nem era usado na produção da cerveja. Os primeiros registros que temos do uso foi na Idade Média, quando uma monja alemã sagaz chamada Hildegard von Bingen escreveu o livro Physica sive Subtilitatum. Ela só queria manter, conservar a sua cerveja por mais tempo, já que naquela época não tinha sistemas adequados pra manter uma cerveja nas condições necessárias.

O mais bizarro é que por causa do amargor levado à cerveja por causa do lúpulo, a galera não curtia muito as cervejas que levavam o próprio na receita. Que bela ironia, não é? Hoje as cervejas amargas, principalmente as IPAs, são adoradas e veneradas por vários bebedores de plantão, eu estou nessa lista <3

Mas obviamente que não durou muito tempo, logo logo a galera cedeu e ele se tornou o conservante mais usado e mais popular, principalmente no Reino Unido. Isso foi meados do século XV. Os ingredientes que eram utilizados antes do lúpulo, como o mel, frutas em geral, gengibre, dentre outros, foram saindo de moda e diminuindo sua utilização. Mas claro, hoje ainda usamos em algumas cervejas 😉

Lúpulo pra dormir

Engraçado é que tem uma galera que o utiliza pra dormir, mas claro, não come pra dormir, usam dentro de travesseiros, já que a planta tem essa sua característica relaxante, assim como a sua parente, maconha.

O lúpulo e suas variações

Me assustei quando soube que existem mais de 100 tipos. Cada tipo tem sua especificidade, característica, tanto para o amargor quanto para o aroma. Por ser uma planta sensível pra cacete, o lúpulo tem diversos cuidados a serem tomados. Eles pegam pragas e bactérias com extrema facilidade. Pra você ter uma ideia, em cada local que se é produzido ele tem uma característica distinta. Isso pode ser até bom, pois conseguimos uma gama maior na produção de um estilo de cerveja. Vamos ver algumas variações:

  • Humulus lupulus var. lupulus. Europa, Ásia Ocidental.
  • Humulus lupulus var. cordifolius. Ásia Oriental.
  • Humulus lupulus var. lupuloides (sin. H. americanus). Região Oeste da América do Norte.
  • Humulus lupulus var. neomexicanus. Região Leste da América do Norte.
  • Humulus lupulus var. pubescens. Região Central da América do Norte.

Quais locais que se cultivam o lúpulo?

Plantação de lúpulo com neve

Créditos: Phil Hills

Não tive acesso aos últimos número, só da produção de 2005 de acordo com a Wikipedia. Os dez maiores da época, de acordo com FAOSTAT, foram os seguintes:

  1. Alemanha: 29 000 toneladas
  2. EUA: 26 180 toneladas
  3. China: 20 000 toneladas
  4. República Checa: 6 800 toneladas
  5. Polônia: 3 355 toneladas
  6. Austrália: 2 000 toneladas
  7. Coreia do Norte: 2 000 toneladas
  8. UK: 2 000 toneladas
  9. Eslovênia: 1 500 toneladas
  10. França: 1 400 toneladas

E nem adianta que aqui no Brasil não tem nenhum cultivo. Até tentaram lá no Sul, já que eles precisam de um clima mais frio pra produção, mas todas as tentativas fracassaram 🙁

Finalizando

Não é necessário muito lúpulo para se produzir uma cerveja. Em média é utilizado de 40g a 300g pra cada 100 litros de uma cerveja. Portanto, se quiser fazer uma cerveja em casa, fique tranquilo quanto a isso. Você também pode ser um louco e querer fazer uma cerveja amarga pacaralho como a galera da cerveja 1000 IBUs fizeram, colocando 3kg pra cada 100 litros. TRÊS QUILOS PRA CADA 100 LITROS, coisa pra Meirelles. Você também pode ser ousado e fazer como a galera da cerveja Magrela, que não colocou lúpulo nenhum, deixando-na com 0 (zero) IBU.

E você, curte uma cerveja amarga? Gosta de um lúpulo? Já comeu um lúpulo direto da fonte? Gostou? Conte pra nós 😉

Beijo na alcatra.

Fontes: Wikipedia