Rufião – O Rei do Rio: Capítulo 4 ½

No último capítulo, eu tomei um Viagra e Kelly e suas amigas deram uma surra nuns playboys merdas da Zona Sul.

Aliás, já foi o tempo em que as mulheres eram submissas. Desde que elas queimaram seus sutiãs, conquistaram direito a voto e passaram a enfrentar o machismo, ficou provado que o homem é um merda.

Não adianta vir com discurso fraco pra se defender como ser alfa, dominante, provedor e etc… Quando a pica aparece, todo mundo quer carinho de mãe, canja de galinha e alguém que desligue a luz do quarto enquanto dormimos. Quem se diz fodão, dotado e sinistro não passa de um inseguro do pau pequeno.

E tenho dito!

Continuando…

Garotas Super Poderosas

Créditos: Mark Rivera

O segurança escolta os playboys para fora do bar. As três mulheres ajeitam suas roupas, cabelos e maquiagens. Para você ter uma noção do que está acontecendo, estou com três mulheres muito femininas e delicadas, uma loira, uma morena e uma ruiva, que batem em vilões. Isso mesmo. Pode acreditar. Estou bebendo com as Meninas Superpoderosas.

  • – Então, Armando, agora me explica o que é isso na sua calça? – Kelly com a língua de navalha, se referindo a minha ereção intempestiva, antecipada
  • – Faz tempo que eu não dou umazinha, então… – Alexia olha para Maggie que dá uma pequena risada, eu fico sem graça, mas revolto – Porra, todo dia eu vejo mulher pelada e como ninguém! Cansei de ficar espancando esse palhaço aqui! Ele merece uma atenção!

Kelly dá um gole na cerveja dela. Maggie e Alexia só observam a amiga, lentamente, me fitar com os olhos mais indeterminados do mundo. Não sei o que ela tem em mente ou qual o próximo passo dela. É angustiante. Porra, eu sou escritor, eu deveria me dar bem com leitura de situações. (Também, quando ia imaginar que eu ia, de pau duro, brigar num bar?)

Fudeu, lá vem ela…

Sombra de duas mulheres gostosas

Elaia, fudeu!

Créditos: Ivax Smoke

Ela coloca o copo sobre a mesa e vem em minha direção, subindo a mesa, de quatro. Kelly me dá um beijo. É como se nunca tivéssemos nos beijado antes. Ao fundo toca Fela Kuti. Ouvi que a Maggie ou a Alexia deu uma tapa na bunda da Kelly. Ouvi sinos. Borboletas no estômago. Clichês. Porra! Xonei pela puta!

Quando eu paro de beijar a Kelly, seguro seu lábio inferior com os dentes fincados. Abro os olhos e vejo que o bar inteiro presta atenção na gente. Agora está tocando The Doors. Kelly nem abriu o olho ainda. Eu solto a carne daquele beijo e ouço uma salva de palmas.

O ser humano tem pena do outro. Por mais cruel que a gente seja, ainda existe um ponto onde somos humanos de verdade. Quando um pub caro, frequentado por jovens ricos e educados a moda de americano (comédia romântica e Friends), vê uma história como a minha, ele vai ao delírio.

Do inferno ao céu

Bebê gordinho chorando

Poxa, só porque sou feio e gordinho? 🙁

Créditos: Tobra Avery

Esses ricos nem imaginam que pra chegar aqui, num dia comum, eu teria que descer uma escadaria de Santa Teresa para o Bairro de Fátima, caminhar até a Lapa para pegar o ônibus sem ar-condicionado e cheio. Eles só enxergam o gordinho fracassado, aquele que nunca teve chance, que não pode usar calça da Calvin Klein, da Diesel ou coisa que o valha. Eu sou uma espécie de história de superação. Um exemplo de autoajuda ao vivo. Tipo um cara que venceu a AIDS, ou que superou preconceitos. No entanto eu só sou feio pra caralho para todos os padrões de belezas existentes.

Isso eles pensam enquanto a Kelly beija a Maggie e a Alexia me rouba um beijo. Trocamos. E mudamos de pares mais uma vez. Continuamos o troca-troca. A plateia está inquieta. Vibra a cada língua, cada aperto em bunda… Até Kelly pegar na sua pequena bolsa uma boa quantidade de dinheiro e entregar ao funcionário do mês. O garçom volta com uma garrafa de licor fechadinha. Ela dá um tchauzinho com a mão e vamos embora do bar. Isso tudo sem conseguir saber qual música que o DJ toca, tamanho o alvoroço criado.

Partiu feroz, será que vai ter suruba?

Suruba com mulheres

Acho que me dei bem!

Créditos: Ivax Smoke

Pegamos um táxi. Chegamos a casa da Kelly, um apartamento gigante no Flamengo. Espaçoso, simplista, meia-luz e super moderno. Só o telefone com fio dela deve valer metade dos eletrodomésticos da minha casa (e olha que tenho umas coisas vintages tipo videocassete). Eu lembro que essa belezura de mulher cobra milzinho a hora. Assim é fácil ter essa vida.

Sento no meio de um dos sofás. Maggie e Alexia me cercam. Uma beija minha orelha, e outra lambe meu pescoço. Kelly coloca Patty Waters no som. Volume máximo. Serve quatro boas doses de licor. Ela abre uma caixinha e tira uma pílula. Outro Viagra.

Apesar de não estar falando sobre isso. Apesar da briga, da bebida, das pessoas observando e tudo o mais, o efeito do primeiro remédio não passou. Não contei para elas que minha corrente sanguínea estava adulterada pelo citrato de sildenafil, anidro, estearato de magnésio e outras coisas. Fiz as meninas acreditarem que é tudo natural. Tudo Armando Moya.

  • – Toma, isso vai lhe ajudar a dar conta de nós três. – Kelly me oferecendo o remédio como se eu fosse para o Matrix

Agora vai dar merda…

Dominatrix botando homem de 4

Agora eu to fudido!

Créditos: Jacob Fales

Eu que nunca tinha tomado um Viagra na vida, mandei dois numa mesma noite. Também é minha primeira vez com três mulheres. Aliás, é minha primeira vez com qualquer mulher das do nível de hoje. Elas fazem parecer que tudo o que já experimentei é um fracasso.

O que acontecer aqui só vou contar em mesas de bar, mas já adianto que o segundo estimulante me lançou uma fisgada na virilha.

Enquanto escondo a dor, nu, diante pro Pão de Açúcar, pra Baía de Guanabara, com três mulheres realizando o sonho mais complexo que qualquer homem bobo tem, Kelly chega ao meu ouvido e sussurra, com toda a sensualidade que a mulher independente tem:

  • – Eu vou te fazer rei.

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