Rufião – O Rei do Rio: Capítulo 7

Bebo não só pelo gosto, mas pela sensação de torpor. Posso comparar esse prazer aos segundos após o gozo, antes de acender um cigarro, quando o corpo desaba, o coração dispara e por instantes o mundo congela sem deixar o tempo parar.

Copo metade cheio

Copo metade cheio

Créditos: Bele Photography

Esse estado se mantém comigo. Kelly não deixa meu copo esvaziar. Em outros momentos, com suas pernas finas, ela envolve meu corpo e tira de mim suas vontades e minhas últimas forças.

Não podia ser diferente. Como todo bêbado, eu durmo após o sexo. Durmo como um bebê de hipopótamo.

Mesmo apagado, a coroa permanece na minha cabeça

Por mais que meu corpo não demonstre sinais de que eu sou um homem forte, é impossível negar meu poder e controle. Eu sou o Rei do Rio. Bicheiros, deputados, traficantes, milícias, nada disso tem o poder do sexo. Chaves de virilha abrem mais caminhos que montanhas de dinheiro. Basta saber aplicar a técnica.

Maggie tem o Poder Legislativo nas mãos. Peitos redondos e firmes, corpo exuberante e um cabelo que vai até o cóccix. Ela faz aquele tipo que todo homem gosta. Farta. Feminina. Mulherão.

O mal dos homens medíocres…

Gordo escroto vestido de mulher

Créditos: John Laughlin Photography

É possível afirmar que mulheres com esse perfil televisivo são exatamente o calcanhar de Aquiles de homens medíocres. É impressionante como o homem médio exige tanto de uma mulher e ainda assim acha-se superior a ela.

O homem medíocre se acha merecedor de uma mulher excepcional. São exatamente como os deputados, que, em sua grande maioria, são homens limitados, que por alguma razão estúpida, consideram-se importantes.

E o erro do malandro é achar que todos são otários

Como pré-adolescentes que encontram um par de seios pela primeira vez, os deputados se renderam aos pedidos de Maggie. Ela organizava festas, levava suas colegas e, um a um, os nossos políticos se tornavam reféns de uma rede de vaidade e luxúria. Peixes grandes com intelecto de plânctons.

Cabe informar que certa deputada, cercada de “valores morais e bons costumes”, no fundo, curte é amassar o Bombril, botar as aranhas pra brigarem. Maggie se encarregou pessoalmente dessa.

Agora, eu tenho uma máquina de fazer lobby. Em outras palavras, minhas meninas são capazes de passar qualquer projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Como se já não bastasse o poder de vender sentenças.

Essa conquista me pôs num universo diferente. Kelly, que sempre está no escritório, atende inúmeros telefonemas ao longo do dia. Empresários, multimilionários, representantes da sociedade civil e outros procuram minha ajuda.

Seu filho quer passar num concurso? Você quer ser promovido no funcionalismo público? Precisa de um alvará? Permissão pra construir? Destruir uma reserva florestal? Sou eu seu quebra-galho.

Pra tudo há um preço…

Cerveja e dinheiro

O interessado contrata os serviços de minha empresa e eu recebo por fora, passando nota, como se fosse um trabalho qualquer de redator. Receita Federal, Polícia Federal, Secretaria de Fazenda e de Receita, nada disso pode me tocar. Estou fazendo um trabalho limpo. Se meus valores são considerados inflacionados para algum fiscal, explico que trabalho com material de primeira qualidade.

Com a entrada do dinheiro limpo, o trabalho sujo parece não existir. Eu não cometo a falha de não declarar o dinheiro e de não pagar impostos. Eu tenho uma poupança, alguns investimentos seguros e repasso uma parte da grana para Kelly, Maggie e Alexia.

Na verdade, eu fico com apenas 30%, elas dividem o resto. Isso é só o dinheiro, pois Kelly não me divide mais. Aquelas noites com três mulheres acabaram. Eu sou o Rei do Rio, mas a coroa da Rainha já tem destino.

  • – Só falta a gente pegar o Governador, querido? – Kelly me pergunta
  • – É você quem vai cuidar dele? – pergunto para Kelly
  • – Não. Ele é um caso especial. Mandei vir um cavalo de Tróia lá da Itália.
  • – Posso saber qual é o plano?
  • – Ainda não.

O silêncio toma conta…

Homem com cara de assustado

Créditos: Razine MEBARKI

Fico calado, por alguns segundos, mas meu silêncio incomoda Kelly que acaba vindo com pérolas:

  • – Você não ficaria com ciúmes se eu dormisse com o Governador?
  • – É sua profissão. Eu sou o Rei do Rio e você é minha fiel escudeira.
  • – Olha, seu poeteiro gordinho, tá me chamando de puta? Fiel escudeiro é a puta que te pariu!! Eu sou a rainha do Rio!
  • – Não é isso! Calma! Só acho que não sou homem suficiente pra você. Você já deve ter transado com uns globais, uns intelectuais, uns poderosos… Eu sou um… um… gordinho poeteiro. Não é?

Kelly se aproxima, fica de joelhos e tira um anel peniano de dentro de sua bolsa:

  • – Quer casar comigo?

O cafetão se apaixonar pela prostituta é sinal claro de tragédia.

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