50 Tons de Tinder – Encontro 6

“Em geral, chamamos de destino as asneiras que cometemos”

Honra é a avaliação que o outro tem sobre seu valor. Se você morasse sozinha numa ilha, não teria que se preocupar com a honra. Que medo você teria? Quem iria lhe julgar? Não é essa a ideia matriz do segredo? Acobertar deslizes e diminuir o sentimento de culpa? Honra é aquilo que nos dá medo e nos impede de realizar pequenos desejos e pecados. Por outro lado, você é cobrado diariamente por frases de apoio que são derivações do famoso Carpe Diem. Onde você se encaixa? Você é uma pessoa que teme os destemperos do destino, ou prefere colher o mel da vida? Resumindo: já ligou seu botão de foda-se?

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Com esse papo furado, desenrolo com a 6 para saciarmos nosso calor no banheiro do shopping. Há muito que desejamos matar essa vontade. Não é a primeira e nem será a última vez que saio com 6. Existe aquele feeling, aquele sentido que é aguçado quando a pessoa manda bem. Cagando solenemente na cabeça da modéstia, afirmo que mando muito bem na arte do beijo, superando Klimt e o escambau. 6 sabe disso, ela pode confirmar.

Partiu banheiro…

Portas de banheiro

A real é que a gente ainda não transou e, pelo que tudo indica, a gente vai transar mesmo dentro do banheiro. Quando a sacanagem é boa, a gente sabe que o sexo vai ser melhor. Aliás, uma boa sacanagem é melhor que qualquer sexo meia-boca. Com o advento da internet de alta-velocidade e os sites de filme pornô, o que aconteceu foi que as pessoas se tornaram objetivas: o sexo pelo gozo! Mas eu não tô falando do gozo alheio, mas do seu próprio prazer. As pessoas transam para terem orgasmos e não para proporcionarem orgasmos. Num mundo tão imediatista na cama, com preguiça do próximo, um rapaz nascido e a base de revistas pornográficas e disquetes de gifs animados tem vantagem. Eu passei a vida inteira precisando imaginar as coisas na hora de descabelar o palhaço, não tinha um Xvideos ou RedTube pra assistir. Se quisesse ver imagem em movimento, só balançando a minha Playboy da Maitê Proença. Ponto pra mim, né?

Vinte anos e uma vida a frente. 6 estuda pra ser professora de Literatura. Essa galera que sabe que vai trabalhar ganhando pouco é sempre a melhor na cama/cabine, parece que elas aproveitam mais da vida. Sei lá… vai ver é só admiração. Cada vez que conheço uma futura professora, meu mundo enche de esperanças. O Brasil já está cheio de publicitários! Onde estão nossos poetas?!

Mão aqui. Mão ali. Tudo vai maravilhosamente bem até meus óculos caírem na privada. Dane-se, né? Cheguei até aqui com o terror de toda quarentona casada: uma menina de vinte aninhos que conhece o mundo e é romântica. E toma-lhe pau. Toma-lhe rola. Até o momento em que 6 deixa escapar pelos seus dentes uma frase quase imperceptível.

  • – O que você falou, 6?
  • – Nada! Continua! – ela responde
  • – Você me pediu pra…
  • – Nada! Continua!
  • – Eu sei que em campo molhado a gente bate bola atrás do gol, mas…
  • – Para de falar e me come!

banheiro casal

Mulher tentando se impor me excita, sabe? Mulher forte é afrodisíaco. Como falso revolucionário que sou, faço-me de difícil. Sempre que uma mulher tenta falar mais alto do que eu, imediatamente me dá uma vontade de testar até onde vai essa personalidade feminina. Ou seja, é ela mandar continuar que eu paro.

  • – O que houve? – 6 me pergunta
  • – Você me pediu pra comer seu cu, né?
  • – Deixa isso pra lá. Por favor.

Por favor soa como súplica e eu atendo. Continuo, vagarosamente, como trem que sai da estação.

  • – Se bem que…
  • – Tá! Come logo esse cu, cara! – no fim das contas, eu acabo obedecendo as mulheres.

Porém, não é todo mundo que carrega consigo um kit-come-cu. Como lubrificar? Sem saliva. Sem gel. Sem camisinha nova. Sem sabonete. Sem água! O que nos resta?! Puta merda!! A única coisa que tem nesse banheiro feminino de Shopping da Zona Oeste é… álcool gel?!?!?!?! FODA-SE! Com álcool gel mesmo eu sigo em frente.

O que acontece com uma pessoa quando ele insere álcool no orifício anal, repleto de veias? Primeiro, ela enrola a língua. Segundo, ela começa a não controlar os gemidos e gritos, passando a ecoar na loja de brinquedos. Finalmente, goza, mas não termina por aí. Completamente bêbada, 6 me empurra, me fazendo escorregar nas gotas do álcool gel que caíram no chão e tomando um tombo que me deixa tonto. Ela sai cambaleando do banheiro, de saia levantada. Ouço gritos e berros vindos do corredor. Ouço gritos e berros das mulheres dentro do banheiro feminino, onde estava com 6. Ela desmaia no corredor do shopping, em coma alcoólico. Eu desmaio no banheiro e levo 3 pontos.

Foda-se. Valeu a pena.